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Sul Fluminense – Relacionamentos longos são construídos com cuidado, parceria e afeto. Mas, com o passar dos anos (ou até meses!), muitos casais se veem diante de um desafio comum, porém pouco falado: como manter o desejo sexual vivo?
Ao contrário do que os filmes românticos nos fizeram acreditar, o desejo não é constante, nem automático, ele precisa ser cultivado. Especialmente em relações duradouras, nas quais a rotina, o estresse, a criação dos filhos e as responsabilidades do dia a dia podem criar um distanciamento da intimidade.
O desejo muda com o tempo, e tá tudo bem
Muita gente acha que a falta de desejo é sinal de que o amor acabou, mas nem sempre é o caso. O desejo também é atravessado por questões hormonais, emocionais, de autoestima e, claro, de comunicação com o(a) parceiro(a). Manter o desejo aceso passa por se conhecer e entender como o outro também muda com o tempo.
Conversamos com a terapeuta sexual Samara Donatti e ela respondeu algumas perguntinhas sobre esse tema:
“É esperado que o desejo mude com o tempo. Passamos pela fase do apaixonamento – onde há uma alta liberação de dopamina – para um amor maduro, com vínculo seguro – onde há uma maior liberação de oxitocina (mulher) e vasopressina (homem) – que leva a diminuição do desejo espontâneo e faz-se necessário investir no desejo responsivo (o qual precisamos gerar estímulos para ativar o desejo). Outros fatores que também podem influenciar é a chegada dos filhos, momento em que perde-se a intimidade; questões relacionadas ao corpo, as pessoas tem uma tendência de em relacionamentos longos se desleixarem da individualidade, perdendo o autocuidado – que é essencial para que eu me excite pelo outro.”- Conta a terapeuta.
Conexão além do físico
Manter o desejo não é só sobre frequência sexual. É sobre troca, toque, admiração, respeito e momentos de intimidade que podem, ou não, incluir sexo. Pequenos gestos, como elogios sinceros, abraços demorados, flertes no dia a dia e a prática do “olhar de novo para o outro”, fazem diferença.
“A intimidade emocional é o alicerce da conexão nos relacionamentos – afetivo e sexual. Casais emocionalmente conectados tendem a se sentir mais desejados e abertos a explorar a sexualidade, além de ter uma maior facilidade na resolução de conflitos. A intimidade emocional fortalece o vínculo, promove uma comunicação aberta, validação emocional, suporte mútuo e aumenta a confiança.” – Afirma Samara.
Novidade, sim. Pressão, não!
Uma das dicas mais comuns para reacender o desejo é “fugir da rotina”. E, de fato, explorar novas formas de prazer pode ser libertador. Mas é importante que isso não vire uma cobrança, nem uma obrigação. Desejo não nasce da pressão, nasce do encontro.
“A novidade não precisa ser sinônimo de performance. Engana-se quem pensa que sempre precisa realizar algo novo ou grandioso para manter a chama do relacionamento acesa. Gottmann (2024) diz: “o casal precisa manter a curiosidade um pelo outro… subestimamos pequenas coisas realizadas com frequência, mas para o amor durar é necessário ação, afinal, o amor é uma prática”. Experimente pequenas mudanças como um ambiente diferente, um toque novo, um elogio, uma conversa íntima. O importante é ativar a curiosidade sobre o outro, afinal, engana-se quem acha que já sabe tudo sobre o outro – estamos em constante exposição a mudança.” – Finaliza a terapeuta.
Samara Donatti
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