Cardiologista atuava na rede pública, vivia sozinho e mantinha animais mortos em freezer; polícia apura relatos de que ele servia a carne a amigos
Conhecido entre colegas como um profissional reservado e de poucas palavras, o cardiologista Walter Rau da Silva Vieira, de 42 anos, ganhou um novo e perturbador apelido nas últimas horas: o “Demônio do Cabo”. A alcunha se espalhou rapidamente entre moradores de Arraial do Cabo após a revelação do que a Polícia Civil encontrou dentro da casa dele no bairro Canaã.
Preso em flagrante durante a Operação Liberandum, Walter mantinha onze animais vivos — sete cães e quatro gatos — em situação de total abandono, cercados por fezes, comida em decomposição e um odor insuportável. Mas o que chocou até os agentes mais experientes foi o que estava dentro de um freezer da residência: sacos plásticos contendo animais mortos, incluindo filhotes e cães adultos.
Durante a abordagem, o médico teria admitido espontaneamente que se alimentava dos animais e oferecia a carne a amigos, segundo fontes próximas à investigação. A afirmação, ainda sob apuração, levantou a possibilidade de práticas canibais ou de natureza ritualística, o que pode agravar significativamente os crimes já atribuídos a ele.
Walter atuava no Posto de Saúde do Sobradinho, em Araruama, por meio do programa federal Mais Médicos, desde 2021. A Secretaria de Saúde do município afirmou que já acionou o Ministério da Saúde para que providências sejam tomadas. O imóvel onde ele vivia sozinho foi interditado para perícia, que deve esclarecer a origem dos sedativos e da erva semelhante à maconha encontrados na casa, bem como a real causa da morte dos animais armazenados.
Walter segue preso e à disposição da Justiça. Ele responderá, inicialmente, por maus-tratos a cães e gatos, com pena prevista de dois a cinco anos de reclusão, podendo ser acusado por novos crimes à medida que a investigação evolui.