BRASIL – Uma recepcionista de Salvador, na Bahia, entrou com uma ação judicial contra a empresa onde trabalha após ter um pedido de licença-maternidade negado. O motivo inusitado gerou repercussão: a funcionária afirma ter desenvolvido um “profundo vínculo materno” com sua boneca reborn — um boneco hiper-realista que simula um bebê — e afirma ter sido vítima de constrangimento e zombarias por parte de colegas de trabalho.
A ação foi protocolada nesta terça-feira (27) no Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA) e cobra uma indenização de R$ 10 mil por danos morais, além de verbas rescisórias como férias vencidas e liberação do FGTS. Segundo a defesa da funcionária, ela considera a boneca, chamada Olívia, como sua filha, e cuida dela com afeto e responsabilidade, como uma mãe cuidaria de um filho biológico.
No documento judicial, a defesa argumenta que o apego afetivo da recepcionista deve ser respeitado, conforme princípios constitucionais, e classificou como discriminatória a resposta da empresa e dos colegas. Segundo a trabalhadora, ao solicitar a licença, foi alvo de chacotas e comentários ofensivos, como a afirmação de que ela “precisava de um psiquiatra, não de benefício”.
“A maternidade da Reclamante não é menos legítima. É maternidade de afeto, protegida pelo princípio da dignidade da pessoa humana”, sustenta a petição.
O Tribunal Regional do Trabalho da Bahia informou que o processo foi distribuído para a 16ª Vara do Trabalho de Salvador e aguarda apreciação do juiz responsável.
A adoção simbólica de bebês reborn tem ganhado visibilidade nas redes sociais, onde pessoas compartilham rotinas e cuidados com os bonecos. No entanto, o tema começa a levantar debates jurídicos e psicológicos sobre os limites entre afeto, representação e direitos trabalhistas.
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