
Ação inclui, ainda, ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias (Foto – Reprodução)
Estado do Rio – Policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) realizam uma operação para desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho, responsável por lavar mais de R$ 250 milhões. Os valores são oriundos do tráfico de drogas e da aquisição de armamentos de uso restrito. Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, na manhã desta terça-feira (3).
A ação inclui ainda ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores em 35 contas bancárias. O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades.
As investigações identificaram Philip Gregório da Silva, o “Professor”, como uma das figuras centrais da engrenagem financeira do Comando Vermelho. Ele seria o responsável por eventos como o “Baile da Escolinha”, que funcionava como ferramenta de dominação cultural e captação de recursos para o tráfico de drogas e armas. Philip morreu no último domingo (1º), mas o fato não compromete o andamento do inquérito, tampouco interfere nas medidas judiciais em curso. Mesmo após sua morte, a Polícia Civil destaca sua importância dentro do esquema, sobretudo na consolidação da cultura do tráfico e na estruturação de empresas de fachada para dar aparência de legalidade ao dinheiro ilícito.
A apuração revelou ainda outro nome de destaque: uma influenciadora digital, esposa de um cantor de funk preso na última quinta-feira (29), suspeito de apologia ao crime e de integrar a organização criminosa. As investigações indicam que ela e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos do Comando Vermelho, recebidos por meio de pessoas interpostas (“laranjas”) com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras mostram que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram canalizados para contas bancárias ligadas à mulher, que passou a ser um dos focos centrais do inquérito.
Segundo os agentes, sua posição na estrutura criminosa é simbólica, pois representa o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital, conferindo aparente legitimidade a valores oriundos do crime organizado e ampliando o alcance da narcocultura nas redes sociais.
As investigações apontam ainda que um restaurante, situado estrategicamente em frente ao local onde é realizado o “Baile da Escolinha”, funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, movimentando recursos do tráfico sob a fachada de atividade empresarial lícita. O local seria utilizado como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do Comando Vermelho.
Outra empresa com papel relevante no esquema é uma produtora, identificada como operadora de lavagem de dinheiro e fomentadora de bailes funk promovidos por integrantes da facção. Esses eventos funcionariam como pontos de venda de drogas e difusão da narcocultura. As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas interpostas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico.
Entre os remetentes identificados nas análises financeiras, destaca-se um segurança pessoal do chefe do CV no Complexo do Alemão, também investigado e com histórico relevante no sistema financeiro informal ligado à facção. Ele é procurado pelo FBI por suspeita de atuar como operador de valores para a Al-Qaeda, conforme dados de cooperação internacional.
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