A jornalista ucraniana Viktoria Roshchina, de 27 anos, morreu sob custódia das autoridades russas em setembro de 2023, e exames recentes confirmaram que ela foi brutalmente torturada durante o período em que esteve presa.
Segundo o chefe do departamento de crimes de guerra da Procuradoria-Geral da Ucrânia, Yurii Bielousov, o corpo da jornalista apresentava escoriações, hematomas em várias partes e uma costela fraturada. “Esses sinais são consistentes com tortura e maus-tratos em cativeiro”, afirmou Bielousov em vídeo divulgado pelo portal Ukrainska Pravda.
O caso foi investigado por jornalistas de seis países, com apoio de veículos como The Washington Post, The Guardian e Ukrainska Pravda. O corpo de Viktoria foi devolvido à Ucrânia em fevereiro de 2024, identificado inicialmente como sendo de “um homem não identificado”. Somente após testes de DNA foi confirmada sua identidade, com probabilidade superior a 99%. Segundo o Ministério Público ucraniano, uma etiqueta com o sobrenome “Roshchina” foi encontrada entre os pertences enviados com o corpo.
De acordo com o site investigativo IStories, o corpo da jornalista chegou à cidade ucraniana de Vinnytsia em estado congelado, com sinais de desnutrição severa. Ainda segundo os investigadores, seus olhos, cérebro e parte da laringe haviam sido removidos antes da devolução, e o osso hióide estava quebrado. Uma fonte da polícia ucraniana suspeita que esses procedimentos tenham sido uma tentativa de ocultar as evidências de tortura. A Rússia, por outro lado, alegou que a remoção dos órgãos poderia estar relacionada a práticas de embalsamamento.
Viktoria havia sido detida em agosto de 2023, enquanto cobria o conflito no leste da Ucrânia. Após ser capturada nas cidades de Enerhodar e Melitopol, foi transferida para um centro de detenção do Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia, em Taganrog, já em estado crítico. Segundo testemunhas, recusou uma proposta de cooperação feita por um militar russo, reafirmando sua lealdade aos princípios jornalísticos.
A jornalista conseguiu fazer um único telefonema ao pai, em agosto, no qual afirmou que estaria incluída em uma troca de prisioneiros prevista para setembro. No entanto, apesar de 49 ucranianos terem sido libertados naquela ocasião, ela não estava entre eles. A morte de Viktoria foi oficialmente registrada em 19 de setembro de 2023.
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