
Wesley Safadão faz sucesso, mas Igor Saliência não faz por menos. Com o sobrenome Machado de Assis, Igor está bem mais para a música do que para a literatura.
Como o tempo de Caetano Veloso, Igor é senhor de todos os ritmos, foca no forró e no piseiro, mas pode surpreender com sertanejo, MPB e dar até uma canja de rock.
Ele é filho de uma campista com um sergipano, que se conheceram na cidade do Rio de Janeiro. Foi criado em Sergipe, mas veio para Campos estudar e hoje dá aula nos palcos da região.
Igor Saliência, com sua banda, é a atração musical do Arraiá Solidário do J3 News, no dia 19 de julho, na Casa de Cultura Villa Maria.
Fale um pouco da sua história?
Comecei cantando samba e pagode. Lá no Nordeste eu cantava samba e pagode. Me viram cantando e falaram: “vamos gravar um CD mas com uma pegada de Arrocha”. Acabei gravando esse CD e lá tinha um amigo, hoje já falecido, o Carlos Braga, produtor que me colocou em uma banda. Ele me considerava em suas palavras um excelente cantor, mas que precisava de uma banda. Então minha primeira experiência foi com a banda Amor Selvagem. Essa banda era muito grande, com muito equipamento e com ela eu rodei parte do Brasil fazendo turnês no Maranhão, Bahia, São Paulo, Sergipe e em muitos outros estados. Então, na minha terra natal, Sergipe, eu convivi por quatro anos com essa banda. Mas em determinado momento, decidi dar um tempo na música e vim para Campos estudar. Sou filho de uma campista com um sergipano e tenho raízes aqui, embora criado em Sergipe. Em Campos fiquei por dois anos e, quando me dei conta, tinha voltado para a música. Foi aqui que me estruturei e nasceu o nome Igor Saliência.
Mas parece que a coisa engrenou mesmo na pandemia. Como foi?
Veio a pandemia e nesse processo pandêmico, começamos tocando no Evaldo Grill, muito devagarzinho, em uma Quarta-feira de Cinzas, uma hora para substituir um outro músico que não foi… não sei nem por quê, e começamos a fazer toda sexta-feira. Foi um sucesso e depois saímos para outros eventos com grandes produtoras aqui de Campos, e hoje a gente pode falar, até com um certo orgulho, que tocamos em todos os grandes palcos da cidade e da região. São muitas as solicitações para tocarmos em exposições agropecuárias de todas as cidades. Vamos tocar esse ano na de Campos. Temos felizmente uma agenda cheia, com shows que vão de São João da Barra até o Espírito Santo.
Mas você vai tocar na festa junina do J3. Animado?
Esse é um palco que eu não tinha tocado ainda, então vamos estar lá no Arraiá J3. Será um prazer imenso vincular nossa imagem a um grupo forte, um grupo grande, no qual a gente já tem várias amizades, como, por exemplo, Fábio Paes. Estarei entre amigos fazendo uma festa solidária. É importante estar numa festa bonita e com um belo propósito. Isso cola com a gente. Vamos estar lá agitando a Villa Maria.
Você já é consagrado como cantor, cheio de carisma. E como músico?
Você acredita que como músico não sou nada? E por isso respeito muito os músicos e eles tratam minha voz como se fosse um instrumento. Na minha família, ninguém faz música. Eu sou o único. Tenho dois violões em casa, estão lá. A gente toca um pouco, mas não gosto de dizer que sou músico. Profissionalmente, eu vou morrer de fome como músico. O meu negócio, o que vem do céu, foi feito pra mim que é cantar para o público. Fazer essa troca de energia no palco, que é muito mais importante. Primo pela presença de palco. Energia é algo que vem de lá do céu e a gente faz essa troca com o público e o público se sente à vontade para estar no nosso show.
Sergipe é tudo na música. Nordeste, né? A sanfona também é tudo?
Cara, é um tudo. Tenho um sócio, na verdade ele é um irmão. Gilmar Sanfoneiro é nosso parceiro, está trabalhando com a gente. E a sanfona é um instrumento fora do comum… o próprio Dominguinhos, o Rei Luiz Gonzaga, entre vários como Sivuca. O Brasil é uma terra de músicos fantásticos e a gente não pode deixar de falar sobre essas figuras ilustres. Em nossos shows, trazemos muitas referências desses músicos fantásticos. Eles abriram nossos caminhos.
E como calibrar o repertório diante de tantos ritmos?
Eu tento fazer, eu tento brincar. Eu brinco muito e me divirto para divertir o público. Apesar de ser um especialista do forró, gosto da mescla de todos os ritmos. Hoje a gente tem muito forte o piseiro. Eu acho que a grande referência no momento, não é bem forró, é um bolero acelerado, é um arrocha, né? A gente tem, lógico, outras referências. A gente também tenta fazer um bocado de coisas variadas. Mas acho que a grande referência do meu trabalho é o piseiro e o forró mais eletrônico. Forró de Wesley Safadão, de Xand Avião… são referências mais dentro do nosso trabalho. O teclado hoje consegue fazer uma sonoridade de banda quase que orgânica, né? Não é orgânica ainda, mas é muito parecido com orgânico e isso deixa tudo mais fácil. A gente vai conseguir entregar tudo nesta festa.
Tipo?
Na festa do J3, vamos entregar, por exemplo, uma quadrilha maluca, que é algo sensacional em uma festa junina. Então, a gente vai conseguir fazer uma marcha bem acelerada. Algo que você só conseguiria fazer com uma banda, com toda a estrutura. E o teclado hoje nos entrega essa facilidade de mudança de chave rápida. O show acaba ficando dinâmico. E quando você tem um artista que consegue ter essa dinâmica, eu, modéstia à parte, consigo fazer isso bem. Eu consigo fazer essa troca de chave e fica legal. Fica um show dinâmico, fica divertido e a gente consegue viajar por todas as nuances do forró. E tudo isso que ele nos proporciona.
E a expectativa de uma carreira nacional?
Então, a gente pretende até abrir mais o leque dentro da nossa região, porque, assim, Norte e Noroeste, a gente já tem um bom nome, mas a gente quer ainda ganhar a Região dos Lagos, a gente quer até o próprio Rio de Janeiro. Os primeiros passos foram dados aqui. Dizem que sonhar grande e pequeno dá o mesmo trabalho. Eu concordo, mas o planejamento tem que ser em curto e médio prazos para que as coisas andarem. A gente tem que ser realista dentro da nossa medida e a gente vai conseguir galgar o que a gente espera.
Existem outras praças com Curitiba. De olho nelas?
Eu disse que a gente é especialista em forró, mas também gostamos de viajar pelo sertanejo, que é uma praça que o interior de São Paulo gosta muito. Curitiba é uma praça maravilhosa, também para o piseiro e para o forró. Temos amigos lá e acho que vai rolar.
Você é muito novo e tem uma carreira pela frente. Onde espera chegar?
Cheguei até aqui e me sinto confortável. Com muito trabalho espero chegar mais longe, mas tudo na hora certa, percorrendo todos os caminhos de forma profissional. A ideia é me dedicar integralmente e, isso feito, as portas certamente vão se abrir. Mas o momento é aqui e agora. Te vejo na festa solidária do J3 News!
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