RIO – Em pleno sol de Copacabana, o senador Flávio Bolsonaro, herdeiro político do ex-presidente e eterno porta-voz do “nós contra eles”, resolveu largar o freio e atirar. No alto do carro de som, diante de uma multidão em transe verde-amarelo, ele cravou com todas as letras: “Alexandre de Moraes é um vagabundo.” Não foi uma vez. Repetiu. Insistiu. Gritou. E vibrou. Porque para essa gente, quanto mais ofende, mais aplaude.
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O microfone tremeu. Mas o senador não. Estava se achando o próprio Davi enfrentando o STF de Golias. Deu nome, deu tom e deu palco. Chamou o ministro de vagabundo em praça pública, diante das câmeras, diante da Justiça, diante da história. E o que é mais impressionante: fez isso com a confiança de quem sabe que não vai dar em nada. Que ninguém vai prendê-lo, que o pai ainda comanda a tropa mesmo de tornozeleira, e que a base está com ele. Foco neles? Não. Foco em nós. O tempo todo.
Sim, “nós”. Porque o bolsonarismo vive de criar inimigos: a imprensa, o STF, a vacina, a urna, a verdade. E agora, de novo, Alexandre de Moraes, que virou o vilão preferido da vez. O tal “vagabundo”, segundo Flávio. O problema é que chamar um ministro da Suprema Corte disso, em plena avenida, é mais que insulto: é provocação calculada. É o grito desesperado de quem quer manter o público inflamado, alimentando a narrativa de perseguição enquanto o Judiciário aperta o cerco.
E não foi só. Ao lado dele, Cláudio Castro, governador que parece preferir o aplauso fácil à responsabilidade institucional. Apoiadores com bandeiras dos Estados Unidos, de Israel e do Brasil (em ordem de importância para o bolsonarismo). E, ao fundo, o eco de um país dividido, cansado, mas ainda refém de um discurso de ódio que se recusa a morrer.
Flávio chamou Moraes de vagabundo. Em Copacabana. Ao vivo. Aos gritos. E ninguém fez nada. Nem mesmo o próprio STF, que já foi mais firme com youtubers e influenciadores. Vai deixar por isso mesmo? Vai engolir mais essa? Porque o senador está testando. Está cutucando. Está provocando. Quer ver até onde pode ir.
E se ninguém frear, ele vai continuar. Porque para eles, quanto mais barulho, melhor. Quanto mais polarização, mais voto. O bolsonarismo não precisa de paz. Ele precisa de guerra. E se não houver uma, eles inventam. Com faixas, bandeiras, microfones e insultos.
Hoje foi “vagabundo”. Amanhã pode ser “ditador”, “censurador”, “inimigo da pátria”. Enquanto não houver consequência, haverá repetição.
E se Moraes ouviu? Com certeza ouviu. A pergunta é: vai deixar passar?
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O post Do alto do palanque, Flávio Bolsonaro escracha Alexandre de Moraes, o chama de ‘vagabundo’ em alto som e desafia o Judiciário: até onde ele vai? apareceu primeiro em Rlagos Notícias.