País – As contas do setor público consolidado — que incluem União, estados, municípios e estatais — fecharam o mês de junho com déficit primário de R$ 47,091 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Banco Central. O resultado representa um aumento em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo foi de R$ 40,873 bilhões.
O déficit primário ocorre quando as despesas do governo superam as receitas, desconsiderando o pagamento de juros da dívida pública. De acordo com o BC, o aumento no déficit de junho se deve ao crescimento das despesas em ritmo superior ao das receitas.
Apesar do resultado negativo no mês, o acumulado de 2025 até junho apresenta superávit primário de R$ 22,029 bilhões. No mesmo período do ano passado, havia déficit de R$ 43,448 bilhões. A melhora de R$ 65,5 bilhões é atribuída, em parte, ao calendário de pagamento dos precatórios — dívidas do governo com decisões judiciais definitivas. Em 2024, parte desses pagamentos foi antecipada para fevereiro, impactando negativamente o primeiro semestre. Neste ano, o pagamento de R$ 63 bilhões está previsto para o segundo semestre.
No acumulado de 12 meses encerrados em junho, o setor público registra superávit primário de R$ 17,925 bilhões, equivalente a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2024, o ano foi encerrado com déficit de R$ 47,553 bilhões, ou 0,4% do PIB.
Resultados por esfera de governo
O Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) teve déficit de R$ 43,527 bilhões em junho, contra R$ 40,188 bilhões no mesmo mês de 2024. As receitas permaneceram praticamente estáveis, com queda no recolhimento de dividendos de estatais e bancos públicos, enquanto as despesas cresceram 1,6%.
Os governos estaduais registraram déficit de R$ 1,354 bilhão no mês, revertendo o superávit de R$ 2,011 bilhões em junho de 2024. Os municípios, por outro lado, apresentaram superávit de R$ 400 milhões, frente ao déficit de R$ 954 milhões no mesmo período do ano anterior. Com isso, o resultado combinado dos governos regionais foi um déficit de R$ 954 milhões, ante superávit de R$ 1,057 bilhão em junho do ano passado.
As empresas estatais (exceto Petrobras e Eletrobras) também contribuíram negativamente, com déficit de R$ 2,610 bilhões, superior ao registrado em junho de 2024 (R$ 1,742 bilhão).
Juros e resultado nominal
Os gastos com juros da dívida pública somaram R$ 61,016 bilhões em junho, uma queda de cerca de R$ 30 bilhões em relação aos R$ 94,851 bilhões de junho de 2024. A redução foi influenciada pelos ganhos com operações de swap cambial realizadas pelo Banco Central, que somaram R$ 20,9 bilhões no mês. Em junho de 2024, essas operações haviam registrado perda de R$ 28,6 bilhões.
O resultado nominal — que considera o saldo primário e os juros — ficou negativo em R$ 108,107 bilhões no mês passado, frente aos R$ 135,724 bilhões de junho do ano anterior. No acumulado de 12 meses, o déficit nominal é de R$ 894,388 bilhões, o equivalente a 7,3% do PIB. Esse indicador é acompanhado de perto por agências de classificação de risco e investidores internacionais.
Endividamento público
A dívida líquida do setor público chegou a R$ 7,702 trilhões em junho, representando 62,9% do PIB — maior percentual da série histórica iniciada em 2001. Em maio, esse valor estava em 62% do PIB (R$ 7,547 trilhões). A alta se deve ao déficit nominal e à valorização cambial de 4,4% no mês.
Já a dívida bruta do governo geral (DBGG) — que considera apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais — atingiu R$ 9,388 trilhões em junho, ou 76,6% do PIB, frente a 76,1% em maio. A dívida bruta é usada como referência internacional para avaliar a sustentabilidade fiscal de um país. Com informações da Agência Brasil.
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