
Palestra foi ministrada pelo delegado Pedro Paulo Simão – Foto: Mayra Gomes
ALERTA DE GATILHO: ABUSO SEXUAL
Volta Redonda – A manhã deste sábado (2) na Expo VR foi marcada por uma palestra do delegado da Polícia Federal, Dr. Pedro Paulo Simão, na Ilha São João, sobre crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. O delegado destacou a atuação da PF, os desafios no combate à pedofilia e as estratégias de prevenção.
Segundo ele, a Polícia Federal passou a priorizar esse tipo de crime entre 2007 e 2008, quando se tornou evidente o crescimento das violações no ambiente virtual. “Além de identificar quem publica esse tipo de conteúdo, conseguimos identificar quem faz o download e até mesmo as pessoas que aparecem nos vídeos”, disse. Ele explicou que, embora muitas pessoas questionem a atuação da PF nesses casos, os abusos sexuais infantis são considerados crimes contra os direitos humanos, segundo a ONU, e classificados como de impacto nacional e inter-regional.
Para fortalecer a prevenção, a Polícia Federal criou o projeto Guardiões da Infância, que promove ações educativas voltadas a famílias, educadores, conselheiros tutelares e adolescentes. De acordo com o delegado, a intenção é expandir o alcance do projeto e fortalecer a rede de proteção.
Durante a palestra, Dr. Pedro Paulo destacou a diferença entre pedofilia e abuso sexual. “Pedofilia não é crime. É uma doença, uma preferência sexual, assim como a parafilia. A pessoa pode ser pedófila e nunca cometer um crime. Mas quando há o ato, aí sim temos um criminoso”, afirmou. Ele acrescentou que muitos investigados tentam apagar seus rastros digitais. “Essas pessoas tentam esconder o IP. Isso mostra que sabem que estão cometendo um crime. Não é falta de consciência, é de caráter”, pontuou.
O delegado também alertou sobre o uso da internet como ambiente para práticas criminosas. “Os criminosos acreditam que a internet é terra sem lei. E os bandidos estão onde todos estão. E hoje, todo mundo está na internet.” Ele lembrou que toques sem consentimento ou beijos forçados já são enquadrados, por lei, como estupro.
Dr. Pedro Paulo também reforçou a importância da vigilância por parte das famílias. Ele alertou para comportamentos suspeitos, como a insistência de novos parceiros em dar banho ou trocar fraldas. “Atenção com atitudes como querer trocar fralda ou dar banho com frequência. Nem sempre essas atitudes são inofensivas.”
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentados na palestra apontam que 88,2% das vítimas registradas são meninas, com maior incidência entre 10 e 14 anos. Já entre os meninos, a faixa etária predominante é de 3 a 13 anos. O delegado ponderou que esses números podem estar subnotificados, principalmente em relação aos meninos, por conta de barreiras culturais e sociais.
Uma das falas mais impactantes reproduzidas pelo delegado foi a de um abusador durante depoimento: “Eu provavelmente escolheria aquela que parece mais carente, a criança que fica pra trás das outras ou que se sente incomodada com os irmãos.”
A programação gratuita da Expo VR segue até este domingo (3). Mais informações estão disponíveis no site www.expovr.com.br.
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