ECONOMIA – A menos de uma semana da entrada em vigor de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governo do Brasil enfrenta um impasse diplomático e comercial sem precedentes. Anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, a medida estaria relacionada ao processo judicial contra Jair Bolsonaro, acusado de tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi classificada por Lula como “chantagem inaceitável”.
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Desde que a tarifa foi anunciada, não houve nova rodada de negociações formais, e uma contraproposta enviada pelo governo brasileiro em maio segue sem resposta. Autoridades brasileiras, incluindo o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, tentam contato com representantes do governo norte-americano, mas sem avanços concretos.
A situação é agravada pela relutância de empresas norte-americanas em pressionar Trump — por medo de retaliações — e pelo fato de o ex-presidente ainda influenciar fortemente o setor privado e político nos EUA. Gigantes como General Motors, John Deere e Alphabet participaram de reuniões com o governo brasileiro, mas mantiveram postura cautelosa.
Do lado brasileiro, o impacto é potencialmente devastador. Estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que a medida pode eliminar mais de 100 mil empregos, derrubar 0,2% do PIB e afetar setores estratégicos como aço, químicos, suco de laranja, carnes e máquinas. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) prevê que as exportações do setor para os EUA podem cair quase pela metade.
Diante do cenário, empresas como a Weg estudam usar fábricas no México e na Índia para contornar as tarifas, enquanto o frigorífico Naturafrig já começou a redirecionar embarques a outros mercados. A Johanna Foods, importadora de suco de laranja, optou por processar o governo Trump nos EUA.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, comparou o impacto ao da pandemia de Covid-19 e defendeu a adoção urgente de linhas de crédito e estímulos, como os concedidos durante a crise sanitária. “A situação está muito estressada”, declarou.
Um grupo de senadores democratas enviou uma carta a Trump criticando a medida como um “abuso claro de poder”. Ainda assim, o silêncio da Casa Branca e a estagnação das negociações elevam a tensão às vésperas da possível aplicação das tarifas — previstas para 1º de agosto.
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O post Brasil corre para evitar tarifa de 50% dos EUA, mas negociações travam às vésperas do prazo apareceu primeiro em Rlagos Notícias.