
Previsto para entrar em vigor na sexta, dia 1º, os EUA transferiram a taxação de 50% – na prática, sanção – para 6 de agosto, quarta-feira. Não deixa de ser um certo alívio para o Brasil, particularmente para o Agro e Embraer. Mas é preciso aguardar o rumo dos acontecimentos.
Desde o primeiro mandato, Donald Trump mostrou ser um bufão, com ações descabidas e decisões que tomava na parte da manhã e as mudava no final da tarde. Algo bizarro tenha ocupado – e voltado a ocupar – o comando do país mais poderoso do mundo.
Para não citar o episódio do Capitólio, seu governo foi tão ruim, tão mal avaliado, que não conseguiu se reeleger – circunstância incomum nos pleitos presidenciais americanos – na disputa contra o ex-vice de Obama, o já cansado democrata Joe Biden. E para completar, denunciou que as eleições tinham sido roubadas.
Com Biden enfraquecido possivelmente por uso de remédios e idade avançada, Trump se beneficiou de um debate desastroso, o que fez com que o partido e apoiadores pressionassem para que a vice de Biden, Kamala Harris, assumisse a dianteira como a candidata democrata que concorreria contra Trump.
Não deu certo. Kamala foi mal. Não convenceu. Sua campanha foi marcada por uma série de erros e… voltou Trump.
Essas observações, aparentemente distanciadas da questão do tarifaço, são pertinentes visto que, em condições normais – sem os atropelos citados – Trump, que ao sair da Casa Branca correu o risco, inclusive, de ser preso, teve facilitado o caminho que lhe reconduziria à Casa Branca não por méritos ou acaso, mas pela soma de todos os erros das campanhas do partido Republicano.
Fortalecido
Eleito, Donald Trump retornou ainda mais confuso e distanciado da liturgia do cargo, achando-se não presidente, mas ‘dono” dos EUA e, por seu turno, alardeando que todos precisavam da América e a América não precisava de ninguém.
Numa afronta à soberania do Brasil, resolveu “ditar” o que o STF poderia ou não fazer, tirando de sua arrogância a presunção de que o ex-presidente Bolsonaro estava sendo perseguido e “exigindo” que lhe fossem retiradas as acusações, etc.
Como não foi por bem, resolveu que iria por mal. Misturou política com economia e ameaçou taxar os produtos brasileiros em até 50%.

Retrocedendo à política do ‘Big-Stick’ de Theodore Roosevelt, praticada no início dos anos 1900 e, portanto, absolutamente inconcebível no século 21 (melhor dizendo, incabível desde as décadas de 30 e 40 do século passado), – Trump incorporou o Superman da época dos quadrinhos para subjugar o Brasil a seu entendimento – a sua vontade – acerca de qual político ou ex-presidente deve ou não deve acusado, processado e/ou punido.
Bem entendido, não se faz aqui juízo de valor. Se o ex-presidente Bolsonaro é ou não culpado, se planejou ou não dar um golpe, e, em tendo planejado, se deu início à realização do plano golpista, ou recuou, não é problema dos EUA. É nosso.
É do Brasil a obrigação de cumprir sua Constituição. E se errar, cabe às instituições brasileiras corrigir os enganos. Não somos uma republiqueta qualquer – um país sem lei ou ordem – a mercê dos ‘ensinamentos’ de Trump. Ao menos por enquanto, haveremos de conviver até mesmo com nossos erros, e corrigi-los. Não se admite interferência, imposição ou chantagem.
Aproveitando, que se esclareça: não é o Supremo que é soberano. Soberano é o Estado Brasileiro. O STF é um dos poderes deste Estado.
E só para constar: os movimentos de chantagem de Trump muito mais tem atrapalhado Bolsonaro do que ajudado. Aliás, a anistia – última trincheira do ex-presidente – perdeu força e está praticamente desfeita por conta da posição dos EUA.
A tarifa de 50%
A bem da verdade, de imediato o presidente Lula da Silva agiu apressadamente. De cabeça quente, anunciou retaliação da parte de cá quando poderia ter sido mais comedido. Deveria ter falado em negociação, em flexibilização, em aguardar… – como recomendou os diplomatas – do que igualar as bravatas. Mas, depois, baixou o tom. Afinal, se ambos puxam a corda, ela rebenta. Vale lembrar, os EUA também terão prejuízo.
A ordem executiva do tarifaço de Trump traz aproximadamente 700 exceções, mas o ‘grosso’ permanece. Ao menos, por enquanto.
Agronegócio e exceções de Trump
Locomotiva da economia nacional – o Agro prevê retração assustadora, visto que 82% do que exporta ficaram de fora das exceções da super tarifa. Por outro lado, a Embraer entrou entre os itens que não sofrerão os 50%. Em sentido contrário, praticamente ficaria inviabilizada, perdendo U$ 20 bilhões em 5 anos. Cerca de 50% dos aviões são exportados para o país americano.
Resta, portanto, torcer para que nos próximos dois dias o quadro melhore com cada um dos lados buscando reduzir as perdas.
O post Agro pode ter prejuízo de U$ 5 bilhões se tarifaço for confirmado: Decisão dia 6 apareceu primeiro em J3News.