O avanço da medicina veterinária de emergência vem remodelando a estrutura de clínicas e hospitais em todo o mundo, e o Brasil não está fora desse movimento. Com a crescente demanda por atendimentos imediatos em casos graves, os serviços 24h ganham protagonismo, ao mesmo tempo em que enfrentam obstáculos estruturais e humanos. Escassez de profissionais especializados, sobrecarga emocional e ausência de protocolos bem definidos tornam-se questões centrais para a eficiência e a sustentabilidade desses serviços.
Dra. Tathiana Lima Anacleto, médica veterinária brasileira com mais de 20 anos de carreira, tem vivência direta nessa realidade. Atuando em hospitais de alta complexidade nos Estados Unidos e no Canadá — como o Fish Creek 24-Hour Pet Hospital e o Veterinary Healthcare Associates —, ela acumula experiência prática em atendimento de casos críticos como politraumatismos, falência de múltiplos órgãos, intoxicações severas, convulsões e distúrbios metabólicos graves. Sua trajetória a posiciona como uma referência no tema e, principalmente, como uma voz qualificada para pensar os caminhos da emergência veterinária no Brasil.

Dra. Tathiana Anacleto (Foto: Divulgação)
“Emergência não é só velocidade. É precisão, estrutura, treinamento e equilíbrio emocional”, afirma. Segundo ela, os plantões 24h exigem do profissional muito mais do que domínio técnico. “São atendimentos muitas vezes imprevisíveis, com pacientes instáveis e tutores fragilizados. É essencial saber comunicar, decidir rápido e manter a calma mesmo em ambientes altamente estressantes”, explica.
Para Tathiana, o Brasil caminha em direção à consolidação dessa especialidade, mas ainda enfrenta gargalos significativos. “Faltam protocolos claros, capacitação contínua e suporte psicológico às equipes. Muitos hospitais funcionam com equipes reduzidas e sobrecarregadas, o que compromete tanto o atendimento quanto a saúde mental dos profissionais”, alerta.
Outro ponto levantado pela veterinária é o perfil dos novos pacientes e a mudança no comportamento dos tutores. “Hoje, os animais são membros da família, e isso eleva a expectativa sobre o serviço veterinário. A pressão por resultados rápidos é enorme, especialmente em emergências. O veterinário precisa estar preparado para lidar com esse nível de exigência e emoção — o que nem sempre é abordado na formação tradicional”, completa.
A experiência internacional da Dra. Tathiana, validada por certificações como NEB e ECFVG, lhe permite trazer um panorama comparativo relevante. “Existem protocolos que podem ser adaptados à realidade brasileira, com criatividade e boa gestão. A base é a mesma: triagem eficiente, estrutura mínima de suporte intensivo, comunicação interna eficaz e acompanhamento multiprofissional. O que muda é o nível de investimento e o preparo das equipes”, analisa.
Ela também destaca a importância da valorização da especialidade de emergência veterinária. “Ainda há uma visão equivocada de que o plantão é um espaço de profissionais em início de carreira ou menos qualificados. Na verdade, é justamente o oposto. O plantão exige experiência, rapidez de raciocínio e muita capacidade de resolução”, pontua.
No Brasil, a criação de serviços 24h nas capitais e grandes cidades já é uma realidade em expansão, e a tendência é que clínicas médias e até de bairros comecem a buscar soluções para garantir atendimento fora do horário comercial. Nesse cenário, a construção de times treinados, protocolos de emergência, gestão de turnos e suporte emocional será determinante.
“A emergência é uma linha de frente que salva vidas e evita agravamentos. É um setor que precisa ser reconhecido, estruturado e desenvolvido com seriedade. E o Brasil tem potencial para isso”, conclui a Dra Anacleto, referência em Medicina de Urgência Veterinária.
Por Emiliano Macedo – Jornalista
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