Pinheiral celebra afrodescendência com 4º Encontro de Jongos do Vale do Café

Redação
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Jongo é uma dança trazida pelos negros escravizados da nação Bantu para as fazendas do Vale do Rio Paraíba (Foto – Divulgação)

Pinheiral – O Parque das Ruínas de Pinheiral recebe, neste sábado (26), o 4º Encontro de Jongos do Vale do Café. Cerca de 400 lideranças e mestres jongueiros devem comparecer ao parque, local histórico marcado por raízes culturais.

O encontro deve atrair representantes de mais de 18 comunidades e quilombos tradicionais dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, além de moradores e visitantes interessados na cultura afro-brasileira.

O dia 26 de julho foi escolhido propositalmente, por ser o Dia Estadual do Jongo e o Dia de Sant’Ana, padroeira da dança e música afro-brasileira, sincretizada com as pretas-velhas. A tradicional Procissão de Sant’Ana em homenagem à Santa sai na véspera do encontro, na sexta-feira (25), a partir das 19h, da Casa do Jongo do Pinheiral.

Também conhecido como caxambu, o jongo é uma dança de roda cujas matrizes vieram de Angola, trazidas pelos negros escravizados da nação Bantu para as fazendas de café do Vale do Rio Paraíba. O seu gingado riscou o chão de terra batida das senzalas da região até que, com a abolição, a dança desceu a serra e se instalou no alto das favelas cariocas, trazida pelos futuros fundadores das escolas de samba. Alguns núcleos familiares permaneceram na região, fincaram raízes e originaram quilombos no Vale do Café, onde o jongo é preservado em toda a sua essência e tradição original.

O 4º Encontro de Jongos do Vale do Café abre oficialmente o calendário comemorativo dos 20 anos do reconhecimento do jongo como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, título concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2005.

Para comemorar as duas décadas desse título e avaliar os resultados do plano de salvaguarda do gênero musical coreográfico afro-brasileiro, considerado um dos pais do samba carioca, lideranças de comunidades jongueiras criaram o calendário festivo, com eventos e projetos comemorativos.

A programação continua na Praça Tiradentes, Centro do Rio, ao lado das comunidades de jongo do interior. Entre os dias 14 e 16 de agosto, estão previstas rodas de jongo, shows de samba, oficinas com mestres, um seminário no Teatro Carlos Gomes, exposição fotográfica na praça e o lançamento do projeto Museu do Jongo, que será um portal com mais de 5 mil fotos e vídeos sobre comunidades da dança. Dois curtas-metragens vão estrear no evento: “Jongo do Vale do Café” e “Mestres do Patrimônio Imaterial do Estado do Rio”.

Todos os eventos contam com incentivo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio, do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio de Janeiro através da Secretaria Municipal de Cultura, do Ministério da Cultura, através da Lei Aldir Blanc e conta com o apoio da Emenda do Pastor Henrique Vieira, do IPHAN e da Prefeitura de Pinheiral.

 

Parque das Ruínas como símbolo de resistência

Antiga sede da Fazenda São José dos Pinheiros, com mais de 3 mil escravizados, o Parque das Ruínas de Pinheiral é gerido hoje pelas mestras da comunidade centenária do Jongo de Pinheiral, lideradas pela lendária Mestra Fatinha do Jongo. A virada de superação e reparação vai além: no local será instalado por elas um Parque Temático sobre a história do negro na região, através de recursos do Programa PAC, do Governo Federal.

Estão previstas construções de um museu a céu aberto, um centro turístico, um restaurante de culinária étnica, de uma escola de jongo e uma biblioteca afro. Tudo será gerido pelas notáveis lideranças femininas do Jongo de Pinheiral, herdeiras da rica tradição e que, ombro a ombro com os outros quilombos da região, criaram o Circuito Afro do Vale do Café a fim de atrair turistas e gerar sustentabilidade às suas comunidades centenárias.

 

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