Narrativas sobre os indígenas Tupinambás: preservando a história e a cultura de Maricá

Redação
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As culturas indígenas possuem extrema importância para a história de Maricá e podemos percebê-las através da alimentação, técnicas de plantio e de pesca, denominação dos lugares e de narrativas, transmitidas de geração a geração, que mantêm vivas as suas memórias na contemporaneidade.

Os Tupinambás constituem uma nação indígena que habitava o litoral brasileiro, incluindo o estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, a região de Maricá, banhada pelo Oceano Atlântico. Esse povo possuía uma língua denominada Tupi, tradições / rituais e danças variadas e era conhecido por ser guerreiro, além de viver da caça, da coleta, da pesca e da agricultura.

Conforme uma narrativa, ligada à história oral, Nhanacã é a deusa indígena que habitava os escarpados rochedos de Ponta Negra, que protegia as águas que banhavam o Oceano Atlântico, constituindo-se em um espaço de beleza, magia e divindades. Este oceano é considerado o segundo maior oceano do mundo, com um formato que lembra um “s”, com suas rochas de granulação média a grossa. A predominância de faixas de biotita é visível sendo, no caso, um mineral que contém, em sua composição, potássio, magnésio, ferro e alumínio. Também possui ortoclásio, que é um mineral conhecido como feldspato alcalino, muito comum nessas rochas.

Os indígenas que assentaram este território acreditavam que os ricos minerais das rochas personificavam a visão do mundo como um todo ou lugar onde conseguiam encontrar sabedoria e conexão com a natureza. O local, por estar situado no hemisfério sul, permitia ao seu povo observar a constelação de cinco estrelas para identificar a passagem do tempo, os pontos cardeais e estações do ano. Deste modo, podemos ter dimensão do entendimento dos indígenas em relação à natureza, geografia e minerais.

A origem do nome Pindobas remonta à palmeira pindoba, que era uma espécie considerada sagrada pelos indígenas, pois permitia a conexão com o céu através da intercessão da deusa Inana. As hastes longas da citada palmeira representavam a longevidade da vida. Já os frutos eram utilizados em rituais e celebrações. Até o século XIX, a palmeira pindoba dominava toda a região do bairro de Pindobas, que era considerado de difícil acesso em decorrência da ligação mística e espiritual dos indígenas.

Já na região conhecida como Ilhas Maricás, os indígenas confiavam no poder da planta conhecida como cipó caboclo, que fortalecia a conexão espiritual e criava um escudo energético durante os rituais, permitindo o acesso à sabedoria e aos conhecimentos ancestrais dos tupinambás. Atualmente, é possível que os visitantes das ilhas sintam uma conexão com energia das águas do Oceano Atlântico. Cabe destacar que os indígenas tinham um encantamento pelo local, devido à sua localização privilegiada, detentor de recursos naturais em abundância e vegetação densa, além da presença de divindades.

Apesar das tentativas de ocultamento e silenciamento da cultura tupinambá na historiografia brasileira, que sofre forte influência europeia, existem diversos elementos presentes no cotidiano e nas tradições de Maricá que devem ser divulgados e preservados na memória e na história da cidade. Deste modo, a luta, a resistência e a resiliência Tupinambás, assim como os saberes e as práticas tradicionais presentes no cotidiano, foram herdados desse povo guerreiro pelos maricaenses e preservados ao longo de séculos, transmitidos de geração a geração.

Vista da Paróquia de São José do Imbassaí. Fonte: Internet
Ilhas de Maricás: Lugar de belezas naturais e conexões espirituais. Fonte: Internet
Ponta Negra é palco da narrativa oral de Nhanacã. Fonte: Historiadora Maria da Penha de Andrade e Silva

Equipe de pesquisa: Maria da Penha de A. E Silva, historiadora. Renata Gama: Arquiteta Urbanista e Renata Toledo, mestre em educação.

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